41 - Avistando Além...

Se observarmos a história humana, toda pessoa nasce, cresce, adquire níveis diferenciados de conhecimentos, se reproduz, trabalha, acumula bens e morre. Viemos para este mundo sem nada e sem nada partiremos. A vida considerada do ponto de vista de seus ciclos repetitivos e aparentemente intermináveis que caracterizam a busca de todo ser humano em todas as épocas da história, permeada ainda de contradições inexplicáveis e temperada pelo amargo sabor da brevidade dos dias na terra, inspirou o escritor bíblico a exclamar: Vaidade de vaidades, diz o Pregador (“Qoheleth”); vaidade de vaidades, tudo é vaidade. Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” Eclesiastes 1:2 e 3


O livro de Eclesiastes, no original hebraico chamado de “Qoheleth” termo associado a quem convoca uma assembléia e fala a ela (um palestrante ou pregador), desenvolve em dialética (argumentação dialogada) a tese da futilidade da vida humana sem Deus. Para que tantos esforços, tanta correria e competição, tanta energia para acumular coisas em uma existência marcada pela transitoriedade?!


Por vezes somos convocados a pensar na avaliação da vida do ponto de vista do leito de morte, e de como ela seria vivida se houvesse outra chance, pois em sua maior parte entramos pelo caminho da vaidade, como concluiu o "pregador": “Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento” Eclesiastes 1:14


Há três mil anos, o pregador, “Qoheleth”, escreveu um discurso reflexivo de construção complexa, mas de mensagem simples onde a questão levantada, sobre a futilidade da vida, sugere em seu próprio texto a eloqüência da resposta, pois se a vida for vista somente pelo que existe debaixo do sol, realmente não há proveito. Todavia, o significado pleno da existência, das lutas, das alegrias, dos planos e projetos somente alcançará sentido se a vida for considerada e vista além do sol.


A vaidade da vida se manifesta quando a visão do seu significado se limita ao que existe abaixo do sol, e a solução sugerida consiste em ver que há uma providência divina se você procurá-la, agindo com a sabedoria do salmista, que apresenta este pedido a Deus, registrado na poesia hebraica: Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu caminho”. Salmo 119:37

40 - Em busca da felicidade

Engajado na busca pela felicidade, o ser humano persegue incessantemente a satisfação de todas as suas necessidades, a começar pelas fisiológicas, ligadas à sobrevivência, indo até as estritamente centradas no ego, conhecidas como as necessidades de auto-realização.

Assim segue em busca de segurança, bem estar, sucesso e tudo que prometa o fim desta busca maior: o “Ser Feliz”. Esta expressão pode, de forma simples, resumir a finalidade de todos os esforços humanos. Seria errado então buscar a Deus para ser feliz? É certo que não haverá uma resposta direta para esta pergunta, que não fique incompleta, porque o conceito humano de felicidade é altamente subjetivo, ou seja, há pessoas que ficam felizes com uma bicicleta nova para ir ao trabalho enquanto outras estão deprimidas pelo fato de não conseguir trocar o “carro zero” ou por não viajar para Europa uma vez por semestre.

Desta forma, o ser humano define o que é felicidade para si, por si mesmo ou influenciado pelos padrões da mídia, a partir daí começa a sua busca para alcançar estes objetivos pensando: “Se Deus quiser me dar, ótimo, se não, me viro por conta própria.” Muitos ainda pensam que podem barganhar com Deus, outros trilham o caminho da chantagem e do drama, magoando-se quando não recebem o que querem e quando querem.

A busca nunca terminará enquanto enxergarmos em Deus tão somente a possibilidade de alcançarmos aquilo que, em determinado momento, desejamos, achando que com isso ficaremos felizes. Todavia, o erro de tudo está no foco. O escritor Rick Warren nos lembra na primeira frase de seu livro (“Uma vida com propósitos”) que “A questão não é você”, e nem eu, nós fomos criados para viver para Deus, conforme registra o apóstolo Paulo, em sua carta: “Porque nele (Jesus) foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.” Colossenses 1:16

Nós fomos criados para co-existir com nosso Criador, por isso a felicidade plena só é experimentada junto com Jesus Cristo. Não há como Deus conceder felicidade sem Ele ou fora dEle. Por isso, só será errado procurar uma felicidade que seja idealizada independente de Deus. “Porque dEle (Jesus) e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.” Romanos 11:36



39 - Investimentos

O princípio do investimento estabelece que se alguém investe (emprega alguma coisa) ele a receberá multiplicada. As Escrituras Sagradas o abordam como a "lei da semeadura" devido as facilidades de compreensão que esta alegoria proporciona. O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos residentes na região da Galácia, adverte: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” Gálatas 6:7.


Há pessoas que querem colher onde não plantaram, ou desejam colher frutos doces onde semearam dureza e amargor. A lei da semeadura funciona tanto para as coisas boas e desejáveis, quanto para as más e indesejáveis, ou seja, quem semear o mal dele também se fartará, conforme a palavra de Deus dita pela boca do profeta: “Porque semeiam ventos e segarão tormentas;” Oséias 8:7a., repetida no ensinamento do sábio: “O que semeia a injustiça segará males;” Provérbios 22:8a. Há ainda aqueles que pretendem obter resultados sem abrir mão da semente.


Na conhecida “Parábola do Semeador”, narrativa bíblica encontrada no capítulo 13 do Evangelho segundo Mateus, encontramos, dentre outros, alguns preciosos requintes acerca do princípio do investimento:

O Desprendimento É preciso lançar a semente na terra! A semente sai necessariamente do domínio do investidor (semeador). Se não “perder o controle” do que foi lançado, provavelmente, não se está em um investimento. Não dá para segurar a semente na mão e investir ao mesmo tempo.

O Risco Muitos não semeiam por causa do risco. Risco não é “perigo aleatório”, mas a probabilidade das coisas não acontecerem conforme o esperado e planejado. Imagine se o semeador deixasse de semear pelo medo das perdas, não haveria colheita abundante. Veja que a perda inicial foi de 75% do total. Por outro lado, 25% das sementes que foram lançadas deram retorno, porém o rendimento destas foi imenso em relação ao número original empregado.

O Tempo – Ninguém vai, no dia seguinte, desenterrar a semente para ver se já tem resultados. O tempo é fator integrante do investimento.

A Quantidade – O porte do investimento está relacionado com o porte do resultado, embora o resultado venha multiplicado. “E isto afirmo: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia com fartura, com abundância também colherá.” 2Coríntios 9:6

A Coragem – Quem fica somente esperando as condições ideais para só então lançar a semente, nunca investirá. “Quem somente observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará.” Eclesiastes 11: 4


Há pessoas que reclamam que não têm amigos, que só acontecem coisas ruins em suas vidas, mas antes deveriam avaliar qual tipo de sementes estão plantando. A boa notícia é que ainda dá tempo para mudar, lançar boas sementes, confiar em Deus e aguardar os bons resultados.

38 - O Doce e o Amargo, das palavras!


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Por volta do ano 45 da era cristã, Tiago, bispo da Igreja de Jerusalém, escrevendo sobre os aspectos práticos da conduta daqueles que servem a Deus, destaca a importância do bom uso das palavras enfatizando a dificuldade que cada pessoa enfrenta no domínio da sua própria língua.

Mediante alegorias constrói um pensamento retórico para destacar os efeitos destruidores do uso inoportuno das palavras, dizendo: “que é necessário apenas um pequeno fósforo para destruir uma grande floresta” Tiago 3:5b. As palavras podem ferir por meio de agressões verbais diretas (xingamentos), ironias, sarcasmos, fofocas, falsidades, maldições, mentiras, desprezos etc.

Por outro lado, seu bom uso pode ser fonte de vida, produzindo resultados notáveis e duradouros, conforme registra a poesia hebraica:“A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.” Provérbios 18:21. As boas palavras encorajam, fortalecem, corrigem, incentivam e promovem o bem.

Em outra metáfora, Tiago, diz que quando proferimos, ao mesmo tempo e pela mesma boca: bênçãos e maldições, a benção não é real, pois a maldição a contamina. “Com ela (língua) bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.” Tiago 3:9. A mensagem é muito clara, pois assim como em um reservatório de água, a impureza é altamente contagiosa e contamina tudo com a qual entrar em contato.

No evangelho segundo Lucas, o Senhor Jesus nos fala da origem de nossas palavras: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.” Lucas 6:45


Não se engane, pois a língua refletirá sempre o que está na mente e no coração, pois o que dizemos revela quem realmente somos. Por isso, para colher bons frutos das suas palavras é necessário, antes, conservar o coração puro, segundo o ensinamento do sábio: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Provérbios 4:23

37 - Sob a direção de Deus

Você certamente já experimentou a sensação de viajar em um carro, no banco do passageiro e de repente desacreditar do motorista pelas manobras percebidas.


As reações são as mesmas: a mão esquerda agarra o assento do banco e a direita o suporte lateral da porta, o corpo enrijece e a tranquilidade evapora. Dentre as manifestações mais comuns a pessoa começa a olhar para os lados e para traz, acha que em determinados trechos o veículo está devagar demais, porém em outros, correndo muito, acha também que está fora da faixa, longe da guia, que faz paradas sem sentido, anda próximo demais do carro da frente etc. Então, a pessoa estica o pé, em movimento brusco, pisando num freio que não existe ou tenta agarrar o volante quando acha que está na direção errada.*


Assim também acontece conosco. Em todas as orações pedimos a Deus que esteja no controle, que dirija nossas vidas, porém em grande parte do percurso agimos como o passageiro descrito acima quando Ele não age como esperamos.


E, quando pensamos que podemos assumir o controle e passar a navegar sozinhos encontramos os recifes e os bancos de areia que não conseguíamos enxergar. Assim, se você deseja percorrer, em segurança, pelas agitadas águas do mar da vida deixe o leme nas mãos do Senhor Jesus, como ensina o salmista: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.” Salmo 37:5. Seguindo também o conselho do Sábio, registrado na poesia hebraica: “Confia ao SENHOR as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos.” Provérbios 16:3.



Deus é o piloto e nosso lugar é no assento ao lado, por isso entregue a sua vida e seus planos a Deus, confie e descanse em sua bondade, pois ele prometeu no livro de salmos: “Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir.” Salmo 32:8



* Esta ilustração foi recentemente relembrada e contada por meu grande amigo, Júlio Cesar, em em uma de suas excelentes aulas para a Escola Bíblica da Ibaji.

36 - Aprendedo a esperar

Conseguir esperar é um sinal característico de quem completou a transição da infantilidade para a vida adulta, porém saber esperar é uma arte talhada pelo Espírito de Deus no mais íntimo do nosso ser.
A capacidade de esperar sem se entregar aos sentimentos de revolta vem geralmente com a maturidade, mas a habilidade de permanecer em paz, equilíbrio e doçura enquanto se espera está presente na vida daqueles que depositam a sua confiança no Senhor Jesus.
Todavia, lidar com a expectativa frustrada de um desejo imediato que foi adiado ou contrariado não é simples, muitos conseguem aceitar os fatos, mas vivem tensos, preocupados aguardando o acontecimento tão esperado, já outros ficam “paralisados”, (nem respiram) até que seu desejo se cumpra, desprezando os demais acontecimentos da vida por reputá-los como secundários.
O Senhor Jesus, no sermão do monte, enfatiza a importância de confiar mais em Deus, pois entregar-se à ansiedade além de tudo é inútil: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? (ao curso da sua vida; ou à estatura)” Mateus 6:27.
A lógica aplicada ao ensino é evidente, pois sem perder de vista os objetivos do projeto de vida, a palavra de Deus nos recorda que o futuro tão sonhado e o desejo ardente que certamente se cumprirá permanecem na casa do amanhã, e a única coisa que existe realmente é o hoje, o agora, portanto é preciso viver bem enquanto espera. Mais adiante no mesmo capítulo, o Mestre concluiu seu pensamento: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” Mateus 6:34
Por outro lado, sabemos que não é simples quando as coisas não acontecem e os sentimentos de fracasso e de abandono nos rodeiam sugerindo que Deus não agirá, e que estamos por conta somente daquilo que podemos fazer.
Todavia, para aprender a esperar, mantendo a boa qualidade de vida, sem perder a alegria e a paz, adverte o apóstolo Paulo em sua carta aos cristãos da cidade de Filipos: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” Filipenses 4:6,7