35 - A singularidade da alma

     
         A identificação ou o reconhecimento de uma pessoa pode ser feito por intermédio de suas particularidades físicas, por sua assinatura e também pela leitura de características singulares encontradas no corpo humano.

       As impressões digitais (dermatoglifos) são os desenhos formados pelas elevações da pele nas pontas dos dedos, que de forma extraordinária não se repetem em nenhum outro indivíduo. A íris, a parte mais visível e colorida dos olhos, contem características únicas sobre aquela determinada pessoa. O DNA (ácido desoxirribonucléico) é a molécula que carrega as “impressões genéticas” de cada indivíduo servindo para identificá-lo e distingui-lo dos demais.

      Da mesma forma, Deus fez única cada alma humana, não há outra pessoa como você na face da terra, nunca houve e nunca haverá. Tudo em nós sugere a individualidade. O escritor irlandês C. S Lewis, comenta o assunto, com sua lógica peculiar: “Se Deus não tivesse uso para todas essas diferenças, não vejo porque deveria ter criado mais do que uma alma.”, porém, Deus criou incontáveis almas e diz: “Todas as almas são minhas” Ezequiel 18:4a. Portanto, Ele tem um propósito para sua existência que está intimamente ligado às particularidades da sua alma, tanto aqui neste mundo quanto na Eternidade.

       Da mesma forma, o sacrifício feito por Jesus na cruz do calvário em prol da humanidade contempla o resgate específico da sua alma, porque serão os seus olhos e não outros que verão a Cristo em sua volta triunfante conforme registro deixado no Apocalipse de João: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” Apocalipse 1:7. Assim, todos vivenciaremos esta experiência: “Naquele dia atentará o homem para seu Criador, e os seus olhos olharão para o Santo de Israel.” Isaías 17:7

      No entanto, para aqueles que receberam a Cristo como senhor e salvador, comenta ainda C. S. Lewis: “Mas Deus haverá de encarar cada alma como se fosse seu primeiro amor, porque foi Ele o primeiro amor dela. Seu lugar no céu parecerá feito para você e só para você, porque você foi feito para ele.” A nossa alma está criptografada com uma senha divina e somente o Criador tem a chave secreta para desvendá-la. Já disseram também que nossa alma tem o formato de uma fechadura que somente se encaixa e se completa na pessoa de Deus. Portanto, só nEle a alma encontrará a plenitude de seu significado.

      Arrematando, C. S. Lewis, brinda-nos comentando a profundidade do tema com sua simplicidade poética: “Sua alma tem o formato curioso, porque se trata de uma espécie de buraco em que se encaixam os contornos infinitos da substância divina”.

34 - Vencendo o Medo


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Longe de aparecer na lista dos sentimentos mais nobres, o medo, segundo estudiosos do comportamento é a sensação psíquica mais presente na vida humana. Contudo, admitir o medo publicamente sempre foi motivo de desonra especialmente para culturas mais tradicionais.

Todavia o medo pode ser legítimo quando condizente com o nível potencial de perigo, pois assim como a dor, funciona como um alarme do organismo humano ligado à preservação da existência.

O medo é a reação que leva o corpo ao estado de alerta diante de um perigo iminente, e em seu sentido básico é essencial à sobrevivência, pois quem não tem medo de nada pode chegar muito rápido à extinção.

No entanto o medo irracional ligado ao perigo irreal ou o medo exagerado diante do perigo real conduz o indivíduo a adotar comportamentos além do necessário chegando a paralisar o andamento normal de vida, transformando-se nas conhecidas “fobias” do mundo moderno.

Para combater o medo irracional ou exagerado comece por uma análise adequada da situação, e depois enfrente, pois coragem não é ausência de medo, mas o passo seguinte que se dá confiando em Deus, como o ensinamento resumido pelo sábio e registrado na poesia hebraica: “Torre forte é o nome do SENHOR, à qual o justo se acolhe e está seguro.” Provérbios 18:10

Quem experimenta confiar no Senhor, não se deixa dominar pelo medo independentemente da situação. Por volta do ano 66 da era cristã, solitário em sua masmorra em Roma, enfrentando o frio e sabendo que sua morte estava muito próxima, o apóstolo Paulo escreveu em sua segunda carta, ao jovem Timóteo, seu “filho na fé”, a seguinte recomendação: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.” 2 Timóteo 1:7

33 - Relacionamentos saudáveis

Os relacionamentos exercem um papel importante, sério e duradouro em nossas vidas proporcionando a satisfação das necessidades psicológicas de segurança e senso de valor pessoal. Somos seres essencialmente relacionais.

Neste aspecto, a família é o melhor ambiente para exercer este aprendizado sobre os relacionamentos saudáveis. Nos casais, cada um possui um anseio de relacionar-se profundamente com seu companheiro de vida, assim como os outros membros da família: pais, filhos e irmãos também carecem de ver estas necessidades, de segurança e senso de valor, supridas através dos relacionamentos.

Estudos revelam que, na vida, quem não experimenta a sensação de segurança e senso de valor não consegue confiar nas outras pessoas por desenvolverem barreiras excessivas de “auto-proteção” que dificultam, tremendamente, as iniciativas que constroem relacionamentos saudáveis.

A segurança nasce da percepção de sermos amados, aceitos e protegidos. Já o senso de valor vem da afeição, aprovação e admiração.

Quando os nossos relacionamentos estão centrados em decisões egoístas, os familiares se tornam as pessoas contra quem descarregamos nosso mau humor, a tensão do dia, a pressão do chefe, a frustração da vida, e consequentemente nossas casas transitam rapidamente do estado de porto seguro para um tribunal de inquisição, onde impera a dureza e impiedade.

Todavia, é fato que nenhum ser humano pode satisfazer completamente o outro, não pode dar-lhe segurança plena e nem senso de valor absoluto e definitivo. Somente Cristo é a fonte para suprir as nossas necessidades de segurança e senso de valor. Se o amor de Deus, demonstrado na Cruz do Calvário, não representar a sua segurança e senso de valor, nada mais o fará.

No entanto, fomos capacitados a suprir adequadamente uma parcela destas necessidades nas outras pessoas por meios dos relacionamentos saudáveis. Portanto, para fortalecer o senso de segurança e valor pessoal, é preciso sujeitar-se a Deus e abrir-se para os outros familiares, permitindo a edificação mútua. Lembrando sempre da advertência que o apóstolo Paulo deixou registrada em sua primeira carta a seu amigo Timóteo, pastor da Igreja de Éfeso, no ano 65 ad: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” 1 Timóteo 5:8

32 - A presença de Deus

Nos momentos de angústia e aflição, quando o mundo cai sobre nossas cabeças e o chão parece desaparecer sob nossos pés, percebemos que o sofrimento revela e desnuda toda a nossa frágil condição humana, impotente diante de um mundo permeado por acidentes, crimes, injustiças, maldades, catástrofes naturais, doenças e até a morte.

Enquanto as pessoas nos direcionam um olhar curioso, que mesmo sem palavras, interroga: onde Deus pode ser encontrado numa situação assim? A nossa reação pode dividir-se em pelo menos duas vertentes: ou podemos questionar o amor e poder de Deus por não interferir no caos da situação, ou percebemos sua presença ao nosso lado para ajudar-nos a passar por aquele vale sombrio.

Questionar a Deus, além de não ser possível, Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” 1 Coríntios 1:25, ainda impede a ação consoladora do Espírito Santo que nos leva à sua amável presença. Deus estende a sua mão em direção à humanidade especialmente nestes momentos difíceis (estarrecedores), mas alguns insistem em continuar agindo como aquela pessoa que está se afogando, mas quando enxerga a mão do salva-vidas, ao invés de agarrar-se firmemente, exclama indignado que antes de qualquer coisa quer uma explicação convincente do porque ele está se afogando. Eu prefiro aceitar a ajuda!

O caminho para superação da tragédia é deixar-se ser conduzido pelo Espírito Santo, enfrentando os obstáculos que a vida nos propõe com fé e coragem, pois Jesus está conosco, mesmo nos momentos de extrema dificuldade. E quando o inimigo de nossas almas lançar a dúvida: onde está Deus no leito de um hospital? Poderemos responder que Ele está bem ali, ao lado da cama, cuidando daquele enfermo, segurando a sua mão, afofando o seu travesseiro, conforme a experiência do salmista descrita na poesia hebraica: O SENHOR o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu(Deus) lhe afofas a cama.” Salmo 41:3

Esta mensagem foi inspirada, de madrugada, na cadeira do hospital diante da minha mulher que teve sua gestação interrompida perto de completar o terceiro mês. Portanto, a dor descrita e a percepção do amor de Deus não se originaram de uma simulação mental, mas uma experiência real.


31 - A Escolha Vital

“E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho.” 1 João 5:11

Na maior parte do tempo, as pessoas focam sua existência somente nesta vida, preenchendo-a com projetos pessoais que giram em torno de algumas poucas áreas de interesse comum a todo ser humano, tais como: estudo, trabalho, relacionamento etc. Todavia, a idéia de continuidade da existência sempre foi um denominador comum na mente humana. As manifestações culturais de todos os povos, em todas as épocas, demonstram ainda a curiosa percepção de que passariam mais tempo mortos do que vivos. Os egípcios, por exemplo, abasteciam as tumbas com bens para suprir seus faraós na jornada após a morte, porém sabemos que todos estes tesouros foram roubados ao longo dos séculos.

Diante disso podemos tirar duas conclusões, a primeira é que as Escrituras Sagradas nos revelam que foi o próprio Deus quem colocou a idéia da eternidade na mente humana: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.” Eclesiastes 3:11, mas também nos adverte de que nada deste mundo conseguiremos levar para lá, conforme declara a poesia hebraica: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei;” Jó 1:21. No capítulo quatro de sua carta, Tiago ainda nos recorda que nossa jornada por aqui não é longa: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.” Tiago 4:14

A vida não é somente aqui e agora, e a morte não é o fim. Há mais na vida do que o presente, ela continuará por toda a eternidade. Quando nos conscientizamos disso começamos a agir de outra forma, desafiados a reorganizar a nossa escala de valores e passar a viver à luz da perspectiva da existência eterna.

A questão vital, porém reside no fato de que o mundo nos oferece incontáveis formas e possibilidades para se viver, já a Eternidade propõe somente duas opções: viver com Deus (nos céus) ou separado dEle (no inferno). Todavia, a vontade de Deus é que todos entrem na vida eterna pelo caminho que é Cristo, como Ele mesmo afirma: “De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho(Jesus) e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:40.

30 - Andar pela Fé


Geralmente quando as coisas não acontecem da forma como esperávamos, ficamos desanimados, decepcionados e sentindo que Deus está distante ou que não se importa. O sentimento que surge quando uma expectativa é frustrada pelos acontecimentos, ao menos no momento, permitem que os fatos se tornem maiores que a esperança.

A Bíblia apresenta uma situação semelhante no capítulo vinte e quatro do evangelho segundo Lucas, quando dois discípulos de Jesus estavam a caminho de uma aldeia chamada Emaús. Eles seguiam tristes e comentando os fatos dos últimos dias: Cristo havia sido crucificado. Porém, algumas mulheres e certos discípulos garantiam que Ele lhes havia aparecido em corpo glorificado. Todavia, o pensamento que dominava ambos era a frustração pela morte de seu Mestre, pois esperavam um Messias político que libertasse Israel do Império Romano.

O foco estava tão preso a esta expectativa, que para eles havia se frustrado, que não perceberam que o homem que deles se aproximara era o próprio Filho de Deus, pois em sua visão limitada dos acontecimentos, aquela pessoa poderia ser qualquer um, menos Jesus. Os fatos lhes cegaram a visão da fé, fazendo com que se esquecessem das promessas, dos profetas, das experiências com o próprio Cristo e do testemunho dos apóstolos. Estavam caminhando com o próprio Senhor Jesus, mas não perceberam.

Reagiam somente às circunstâncias, limitados pelas possibilidades humanas, andando somente pelo que podiam ver, sem considerar a perspectiva espiritual, andavam por vista e não pela fé, porém o Mestre os desafia a pensar de outra forma: “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.” Lucas 24:27

Deus nos deixou suas promessas registradas nas Escrituras Sagradas e seu Espírito nos recorda as vitórias e livramentos, experimentados no passado, para fortalecer a nossa fé. Todavia, se na hora da adversidade, focarmos a visão somente nos fatos, estaremos seguindo apenas a emoção do momento, ignorando as possibilidades da fé. O apostolo Paulo já havia advertido os cristão da cidade de Corinto sobre o mesmo tema: Porque vivemos pela fé e não pelo que vemos.” 2 Coríntios 5:7

A coragem para o exercício da fé está relacionada ao passo seguinte, que damos após nos defrontarmos com as adversidades, e especialmente quando aprendemos a confiar mais em Deus e menos nos sentimentos humanos, então perceberemos que nunca estivemos sós. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.”  2 Coríntios 4:16