4 - As Virtudes da Infância.


A cena descrita no início do capítulo 18 do Evangelho segundo Mateus é uma típica conversa envolvendo os pensamentos, interesses e valores do mundo dos adultos. Neste episódio os discípulos discutiam entre si para saber quem era o maior no reino dos céus.

     Em resposta Jesus chama uma criança e coloca no meio deles, para contrapor os valores ali disputados, evidenciando em seus ensinamentos o que o Pai Celeste espera de cada um de nós.
Um dos aspectos desta instrução do Senhor Jesus é que no processo de crescimento e amadurecimento, perdemos virtudes que estavam presentes em nossa infância.
    O termo "Virtudes", de forma simples, pode ser definido como “inclinações naturais para o bem”, tais como: Receptividade; Dependência confiante; Espontaneidade; Divertimento; Contentamento; Simplicidade; Sensibilidade; Inocência etc.
         O processo de amadurecimento pelo qual passamos é constituído, em grande parte, pelas reações que adotamos diante das experiências da vida, ou seja, como reagimos diante das alegrias e vitórias, mas também das muitas perdas, derrotas, rejeições, dores e sofrimentos...
Em função disso:
·    Nós nos tornamos excessivamente cautelosos...
·  Assumimos uma postura comprometida com o “Não Sofrimento”...
· Criamos defesas contra a possibilidade de experimentar a dor da decepção....
· Camuflamos nossos sentimentos e necessidades para alcançar aceitação dos outros...
·    Vivemos em busca de sucesso e poder ou pelo menos da aparência destes...
·       Manipulamos as pessoas para atingir nossos objetivos...

         Portanto, em reposta às experiências do processo de amadurecimento deixamos de ser tão receptivos como éramos na infância.
        Trocamos a simplicidade da vida pela sofisticação complicada e custosa do novo estilo que a sociedade nos impõe. Ainda trocamos a sensibilidade pela manipulação e assim a inocência dá lugar à malícia. 
        Não nos contentamos mais com pequenas coisas como acontecia na infância. E, numa flagrante inversão de valores, o que era virtude passa a ser considerado como fraqueza.
      Perdemos, gradativamente, as virtudes que possuíamos na infância quando tentamos enfrentar, sozinhos, as experiências da vida. Não corremos mais em direção aos braços do Pai, mas procuramos soluções que estejam sob nosso controle. E, quanto mais êxito, mais gostamos desta sensação de controle e poder.
       Crianças não detêm o poder, e por isso são dependentes e confiam incondicionalmente no Pai.
          Para tornar-se criança, na conotação dada pelo Senhor Jesus no texto de Mateus 18, é preciso ser humilde no sentido de abandonar as estruturas de auto-proteção que construímos ao longo da vida, abandonar a “sofisticação” que desenvolvemos para lidar, sozinhos, com os problemas e com as pessoas. Enfim, abandonar a auto-suficiência diante de Deus.
        Esta humildade nos levará para uma vida de dependência confiante, de reconhecimento e gratidão a Deus. Ao passo que a auto-suficiência só nos conduzirá ao orgulho e consequentemente nos levará para longe de Deus.
      Então, o primeiro passo para resgatar as virtudes que estavam presentes na nossa infância é se tornar simples como uma criança na presença de Deus, abandonar toda a “sofisticação adulta” construída em torno das conquistas, do sucesso, do ativismo, das atividades, da altivez e do orgulho. E, voltar a ser simples e dependente de Deus.

“Confie no Senhor de todo o teu coração; e nunca pense que a sua própria capacidade é suficiente para vencer os problemas.” Provérbios 3:5 (BV)

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