47 - A Realidade Extraordinária


Recentemente em seu último livro, um proeminente físico teórico da atualidade descartou a existência de Deus como criador. Isto me entristeceu, porém recordei-me do relato histórico quando o famoso astrônomo e matemático francês do século XVII, Pierre Simom Laplace teceu comentário semelhante diante do imperador, ao entregar sua obra sobre a mecânica do universo a Napoleão. Tentar explicar a existência do Criador tão somente com os recursos materiais existentes e rejeitá-Lo por não caber em nossa limitada mente humana não é resultado da atualização do conhecimento, mas sim da falta de relacionamento com Deus.

Por outro lado, encontramos nas escrituras sagradas a história de um Deus que busca e encontra o ser humano, que toma todas as iniciativas para se relacionar com cada pessoa, proporcionando experiências extraordinárias e sobrenaturais percebidas por aqueles que foram alcançados pela sua presença, graça e poder. O Criador não se revela somente no plano físico e material, e assim faz para nos conduzir a entendê-Lo como uma realidade pessoal invisível, pois Deus é a realidade mais extraordinária do universo.

Um personagem bíblico que se destacou pela proximidade com Deus foi Moisés, que desde seus primeiros contatos com o Criador não se ocupou em medi-Lo com a mesma régua com que se avaliam as capacidades e limitações humanas, mas permitiu que Deus o conduzisse em direção à toda revelação de Seu extraordinário caráter. Podemos dizer que Moísés “viu” o Deus invisível pelos olhos da experiência e da fé, alcançando um relacionamento real e verdadeiro como descrito neste impressionante relato: “E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo; ...” Êxodo 3:11a

No evangelho segundo João está escrito: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito (Jesus), que está no seio do Pai, este o fez conhecer.” João 1:18. De fato foi somente através de Jesus Cristo, que Deus revelou a sua plenitude aos homens. Foi por meio do seu Filho que viemos a conhecer Deus. No mesmo evangelho foi registrado uma conversa do Mestre com seus discípulos a respeito do mesmo tema: “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” João 14:8,9
O convite dos evangelhos é para encontramos a Deus por meio do seu filho Jesus, e vivermos a partir desta nova perspectiva de vida. O mesmo que a muito já fora anunciado pela boca do profeta: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.” Jeremias 33:3. Em Jesus estão guardados os tesouros do Criador, conforme afirma o apóstolo Paulo aos cristãos do primeiro século: “... e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus-Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Colossenses 2:2,3

46 - Lembrar-se de lembrar!

As estratégias para driblar o esquecimento variam entre as pessoas, sendo as mais comuns: o barbante amarrado no dedo, o anel invertido na mão ou um objeto fora de seu lugar habitual, tudo é válido para “lembrar-se de lembrar”. A expressão ostenta uma aparente contradição, pois se me lembrar do que não devia esquecer, então não precisaria lembrar...

A lembrança evoca os objetos, sensações, emoções, sentidos e tudo mais que foi guardado nas extensas áreas da memória. E, inclusive a figura do esquecimento, que tudo apaga quando se faz realmente presente.

Nos “vastos campos da memória”, segundo Santo Agostinho, trazemos à existência não mais as coisas e pessoas que se foram, mas as suas imagens e modelos... Nos vastos campos da memória guardamos a música que nos leva ao passado, também guardamos o som, o cheiro, o gosto e a frase. Na memória matemática guardamos os números e contabilizamos o que se foi, em contraste ao que se acrescentou, atualizando as informações, e , depois tornamos a guardá-las, para serem evocadas tantas e quantas vezes forem necessárias.

Nos vastos campos da memória guardamos também nosso relacionamento com Deus, nossas experiências com o Criador desde que fomos gerados, tais como: os livramentos, o consolo na angústia, o encorajamento, as palavras de vida eterna e o momento da salvação.

Quanto ao esquecimento, transitando do mocinho ao vilão, este é sem dúvida o remédio para as dores e para as difíceis perdas, pois ainda que possamos recordar tais acontecimentos, estas lembranças não fazem com que sintamos a dor real experimentada no passado. Todavia, o esquecimento apaga também o que de melhor Deus registrou em nossa história, enfraquecendo a fé e debilitando a esperança.

Então, por que Deus criaria os palácios da memória, com suas câmaras recônditas e misteriosas que vão muito além da nossa compreensão, se não para lembrarmos de seus feitos e mantermos viva a lembrança do Deus vivo às futuras gerações?! O salmista registra, na poesia hebraica, esta conclusão: “Eu me lembrarei das obras do SENHOR; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade. Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos.” Salmo 77:11e12


O ato de lembrar é uma recorrência bíblica, Deus insiste em que seu povo recorde de seus feitos, do seu poder, do seu braço forte, da sua bondade e sua misericórdia, assim como Ele mesmo disse a Moisés: “e assim serei lembrado de geração em geração” Êxodo 3:15b.

Portanto, para não nos esquecermos é preciso exercitar a memória evocando os feitos do Senhor, contando aos nossos filhos e netos, e ainda persistirmos na leitura da sua palavra, que registrou todos os seu feitos, e assim não somente nos lembraremos do que Deus fez em nossas próprias vidas, mas também nos recordaremos de seus feitos a todos os homens ao longo da história.

45 - O Autor da vida


Já imaginou uma Cinderela má, fútil, egoísta, desagradável, suja, rude e preguiçosa? Certamente esta não seria a personagem idealizada pelo autor, mas sim uma versão distorcida da mesma personalidade descrita pelo escritor francês Charles Parrault, quando em 1697 criou a sua versão para o antigo conto italiano da Gata Borralheira.

O mesmo ocorre quando nossas atitudes não correspondem aos desígnios de Deus, pois, como o inventor da personalidade, Ele planejou cuidadosamente aquilo que deveríamos ser. Assim como o autor de um romance idealiza seus personagens, Deus, o supremo autor da vida, delineou a nossa individualidade, conforme a revelação memorável registrada na poesia hebraica: “Tu, Senhor, criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe.” Salmo 139:13

44 - Inspirações para a Fé


          Como inspiração de Deus nas Escrituras Sagradas, o Livro de Salmos merece um destaque especial pela beleza e profundidade de seu conteúdo. O título é derivado do termo grego “PSALMOI” que significa “poemas cantados com instrumentos musicais”, no hebraico é chamado de “Sefer Tehillim” ou livro dos louvores.

A relevância da poesia hebraica não se restringe à perfeição harmônica de seu ritmo, nem tão pouco à sofisticação de seus paralelismos, mas, sobretudo, alcança seu apogeu no pragmatismo com que trata as situações do cotidiano, cobrindo a gama completa das emoções e experiências humanas em seu relacionamento com o Criador. Os antigos rabinos diziam que nos Salmos poderíamos encontrar a causa e a cura para todos os problemas.

Estes poemas musicais eram utilizados quando os Hebreus se reuniam para adorar a Deus, pois neles, o Criador revela sua pessoa, história e planos, bem como a grandeza e bondade com que trata a fragilidade e pequenez humana, quando diz suavemente: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus;” Salmo 46:10a

Nos momentos em que a alma se aflige, a maior batalha espiritual do cristão é contra a sua própria incredulidade, e o primeiro golpe do inimigo é contra a nossa fé em Cristo. Assim, nossa luta diária consiste em manter esta fé viva e crescente. E, neste aspecto, as Escrituras Sagradas, especialmente o livro de Salmos, revelam a grandiosidade do amor de Deus, proporcionando experiências verdadeiras que alimentam a fé. E assim poderemos orar como o salmista: “Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma; Guarda a minha alma e livra-me; não me deixes confundido, porquanto confio em ti; Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.” Salmo 94:19; 25:20; 51:10

43 - Estilo de vida

Como resultado conseqüente da estratificação social, o estilo de vida pode ser classificado, dentre outros, como: estilo de vida saudável, simples, arrojado, moderno, sofisticado e até alternativo quando externo às normas sociais vigentes. Se o foco da vida de uma pessoa está no trabalho, porque o seu senso de valor pessoal vem desta atividade, ela trabalhará muito aderindo ao estilo dos “obcecados pelo trabalho” conhecidos por “workaholic”. Há também os estilos “de prateleira”, para simples adesão daqueles que se encaixam logo de imediato, em todas as características de alguma das novas “tribos urbanas”.


Portanto, a maneira como uma pessoa experimenta a vida, suas escolhas diárias definidas por seus valores e as características de um comportamento diferenciado definem o seu “Estilo de Vida”.


O estilo de vida anunciado pelo sistema mundial está diretamente centrado no padrão de consumo, criando uma tensão que mantém girando o ciclo do “Ter”; “Manter” e “Acumular”. Este ciclo leva ao trabalho incessante que impede, em determinados casos, a utilização do próprio bem adquirido. Nos Evangelhos encontramos uma nova proposta, diametralmente oposta ao sistema. O Senhor Jesus, demonstra e vive um estilo de vida de valores eternos, orientados por Deus, e convida: Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mateus 11:29,30


Este maravilhoso convite assume um sentido tríplice e é estendido a todos os homens e mulheres com a alma aflita pela busca de identidade e um espaço neste mundo voraz e competitivo. O Mestre convida a buscá-lo e encontrar a salvação, a segui-lo e aprender a mansidão e humildade para viver em completa dependência de Deus, e viver com Ele sob o mesmo jugo, que significa sob a mesma disciplina de comunhão com o Criador que é incomparavelmente mais leve do que as exigências dos padrões do mundo até mesmo os da religiosidade humana, caracterizada pelos escribas e fariseus de sua época.


Independente do que defina seu estilo próprio, o que não pode faltar é a dependência de Deus que é a marca dos que encontraram verdadeiro descanso e direção para suas almas, conforme as profecias registradas a cerca de 2700 anos: “como o gado que desce calmamente para os vales. O Espírito do SENHOR os estava levando para um lugar de descanso.” Foi assim, ó SENHOR, que guiaste o teu povo e conseguiste para ti mesmo um nome famoso.” Isaías 63:14

42 - A Entrega Total

Volto ao tema da "preocupação" porque ela também insiste em voltar, como inimiga incansável e sem ética, que desfere golpes baixos contra a nossa alma, roubando novamente a paz. A inquietação que, em determinado momento, já foi entregue a Deus, costuma retornar sem ser convidada, de surpresa, as vezes aos poucos, outras em ataque repentino e quase letal.


Preocupar-se é ocupar-se antecipadamente com algo que está no futuro, mesmo sabendo que a situação não mudará porque seu objeto reside na casa do amanhã. Portanto, a preocupação é a tentativa de controlar o incontrolável. A única certeza que podemos ter sobre o futuro é que Deus estará lá, pois o Eterno já está lá e nos deixou a sua promessa: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos.” Mateus 28:20b


O Senhor Jesus, numa alusão ao cuidado que Deus dispensa às criaturas tidas por insignificantes segundo os padrões da época, enfatiza o valor especial de cada ser humano e a certeza da provisão do Pai celestial: “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.” Mateus 10:29-31


Desta forma a oração continua sendo o melhor antídoto contra a preocupação, porém não se trata aqui de relatar o ocorrido a Deus, mas de uma atitude de entrega. A oração é a entrega, “porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.” Mateus 6:8b. Portanto, entregar a sua causa de preocupação a Ele é a única coisa que só você pode fazer. E, ainda repetir a oração (entrega) tantas vezes quanto forem necessárias.


O apóstolo Pedro, escrevendo aos cristãos do primeiro século, aborda em sua carta o tema da vitória sobre o sofrimento destacando que a nossa situação e circunstância são importantes para Deus, baseado nisso lança o desafio da entrega total: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” 1 Pedro 5:7