49 - O Shemá

O “Shemá” (שמע) é a forma hebraica do termo “ouve”, que é a primeira palavra, do quarto versículo, do sexto capítulo, do livro sagrado de Deuteronômio, que diz assim: “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR” Dt 6:4. Segundo a tradição judaica, o “shemá” consistia apenas no versículo 4, porém mais tarde, foi ampliado para incluir os versículos 5 a 9 do mesmo capítulo, os versículos 13 a 21 do capítulo 11 e também os versos 37 a 41 do capítulo 15 do livro de Números, compondo o seguinte:

Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje te ordeno, de amar o SENHOR, teu Deus, e de o servir de todo o teu coração e de toda a tua alma, então, darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhas o teu cereal, e o teu mosto, e o teu azeite. E darei erva no teu campo aos teus gados, e comerás e fartar-te-ás. Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles; e a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê a sua novidade, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá. Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos, e ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; e escreve-as nos umbrais de tua casa e nas tuas portas, para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.
E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que nas bordas das suas vestes façam franjas, pelas suas gerações; e nas franjas das bordas porão um cordão azul. E nas franjas vos estará, para que o vejais, e vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR, e os façais; e não seguireis após o vosso coração, nem após os vossos olhos, após os quais andais adulterando. Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os façais, e santos sejais a vosso Deus. Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus; eu sou o SENHOR, vosso Deus.

O compromisso de amor incondicional a Deus, abrangendo a totalidade de nosso ser, descrito no “shemá hebraico, foi com certeza memorizado e repetido pelo Senhor Jesus, na infância, em suas orações diárias e reafirmado em seus ensinamentos registrados nos evangelhos de Lucas (10:27); Mateus 22:37 e em Marcos: “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.” Mc 12:29,30

     A declaração nos recorda que a partir do momento em que tomamos consciência da existência de Deus, somos levados a reconhecer que não dá para viver de qualquer jeito, guiados pelas nossas vistas ou por nossa própria vontade, porque não existimos para nós mesmos.

     Portanto, o texto ampliado do “shemá” lembra a todo aquele que, pela fé no Senhor Jesus, recebeu as “roupas novas” da salvação, não poderá viver da forma de seu antigo proceder “Nós nos alegraremos e cantaremos um hino de louvor por causa daquilo que o SENHOR, nosso Deus, fez. Ele nos vestiu com a roupa da salvação e com a capa da vitória. Somos como um noivo que põe um turbante de festa na cabeça, como uma noiva enfeitada com jóias” Isaías 61:10 (BLH)

48 - A maior das mentiras


     Desde a mais tenra idade já tomamos contato com mentiras que falam para gente. As formas mais comuns são as acusações que acrescentam rótulos, que podem ecoar por toda uma vida, tais como: “Você é burro, feio; incompetente, não faz nada certo” ou aquelas afirmações falsas com intuito de sabotar sonhos e desestimular projetos pessoais, como: “Isso não é pra você; você não consegue; você só será feliz se...”
        

     Por inveja, na maioria, e por maldade, todas as vezes, estas afirmações falsas mexem com o interior das pessoas, prejudicando e, em alguns casos, até destruindo a auto-imagem. A culpa de quem mente é maior, mas não isenta de responsabilidade quem acredita. Há pessoas que passam uma vida inteira acreditando em mentiras.

        A maior mentira, porém, ocorreu na gênesis da humanidade e foi contada por Satanás quando sugeriu ao primeiro casal, em síntese, que Deus não era confiável e, por isso, eles deveriam se virar sozinhos, assumindo uma vida sem Deus ou fora d’Ele. Todavia, as Escrituras Sagradas afirmam que: “Quando o Diabo mente, está apenas fazendo o que é o seu costume, pois é mentiroso e é o pai de todas as mentiras.” João 8:44b (BLH).

       Esta mentira ainda é sussurrada em nossos ouvidos até os dias de hoje, principalmente quando as coisas não vão bem. O inimigo é desleal e ataca quando estamos prostrados pelas adversidades da vida, e ainda insiste em afirmar que “não há mais jeito para aquela pessoa que errou de novo”, ou que “o fracasso ocorrerá novamente, não importando o número de tentativas”. Ele continuará mentindo, porém cabe a cada um acreditar ou buscar a verdade em Jesus, como Ele mesmo deixou registrado nas escrituras: “Então Jesus disse para os que creram nele: — Se vocês continuarem a obedecer aos meus ensinamentos, serão, de fato, meus discípulos, e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.” João 8:31,32

      Deus é bom e confiável, e jamais frustrou as esperanças de quem n’Ele confia. Não se deixe enganar, você tem muito valor porque é um projeto especial de Deus, por quem Ele já provou seu amor (Romanos 5:8). Portanto, receba o amor que Ele tem para te dar, confie em Jesus e não dê ouvidos às mentiras, vivendo em paz como descreve o salmista na poesia hebraica: “Bem-aventurado o homem que põe no SENHOR a sua confiança e não pende para os arrogantes, nem para os afeiçoados à mentira.” Salmo 40:4

47 - A Realidade Extraordinária


Recentemente em seu último livro, um proeminente físico teórico da atualidade descartou a existência de Deus como criador. Isto me entristeceu, porém recordei-me do relato histórico quando o famoso astrônomo e matemático francês do século XVII, Pierre Simom Laplace teceu comentário semelhante diante do imperador, ao entregar sua obra sobre a mecânica do universo a Napoleão. Tentar explicar a existência do Criador tão somente com os recursos materiais existentes e rejeitá-Lo por não caber em nossa limitada mente humana não é resultado da atualização do conhecimento, mas sim da falta de relacionamento com Deus.

Por outro lado, encontramos nas escrituras sagradas a história de um Deus que busca e encontra o ser humano, que toma todas as iniciativas para se relacionar com cada pessoa, proporcionando experiências extraordinárias e sobrenaturais percebidas por aqueles que foram alcançados pela sua presença, graça e poder. O Criador não se revela somente no plano físico e material, e assim faz para nos conduzir a entendê-Lo como uma realidade pessoal invisível, pois Deus é a realidade mais extraordinária do universo.

Um personagem bíblico que se destacou pela proximidade com Deus foi Moisés, que desde seus primeiros contatos com o Criador não se ocupou em medi-Lo com a mesma régua com que se avaliam as capacidades e limitações humanas, mas permitiu que Deus o conduzisse em direção à toda revelação de Seu extraordinário caráter. Podemos dizer que Moísés “viu” o Deus invisível pelos olhos da experiência e da fé, alcançando um relacionamento real e verdadeiro como descrito neste impressionante relato: “E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo; ...” Êxodo 3:11a

No evangelho segundo João está escrito: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito (Jesus), que está no seio do Pai, este o fez conhecer.” João 1:18. De fato foi somente através de Jesus Cristo, que Deus revelou a sua plenitude aos homens. Foi por meio do seu Filho que viemos a conhecer Deus. No mesmo evangelho foi registrado uma conversa do Mestre com seus discípulos a respeito do mesmo tema: “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” João 14:8,9
O convite dos evangelhos é para encontramos a Deus por meio do seu filho Jesus, e vivermos a partir desta nova perspectiva de vida. O mesmo que a muito já fora anunciado pela boca do profeta: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.” Jeremias 33:3. Em Jesus estão guardados os tesouros do Criador, conforme afirma o apóstolo Paulo aos cristãos do primeiro século: “... e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus-Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Colossenses 2:2,3

46 - Lembrar-se de lembrar!

As estratégias para driblar o esquecimento variam entre as pessoas, sendo as mais comuns: o barbante amarrado no dedo, o anel invertido na mão ou um objeto fora de seu lugar habitual, tudo é válido para “lembrar-se de lembrar”. A expressão ostenta uma aparente contradição, pois se me lembrar do que não devia esquecer, então não precisaria lembrar...

A lembrança evoca os objetos, sensações, emoções, sentidos e tudo mais que foi guardado nas extensas áreas da memória. E, inclusive a figura do esquecimento, que tudo apaga quando se faz realmente presente.

Nos “vastos campos da memória”, segundo Santo Agostinho, trazemos à existência não mais as coisas e pessoas que se foram, mas as suas imagens e modelos... Nos vastos campos da memória guardamos a música que nos leva ao passado, também guardamos o som, o cheiro, o gosto e a frase. Na memória matemática guardamos os números e contabilizamos o que se foi, em contraste ao que se acrescentou, atualizando as informações, e , depois tornamos a guardá-las, para serem evocadas tantas e quantas vezes forem necessárias.

Nos vastos campos da memória guardamos também nosso relacionamento com Deus, nossas experiências com o Criador desde que fomos gerados, tais como: os livramentos, o consolo na angústia, o encorajamento, as palavras de vida eterna e o momento da salvação.

Quanto ao esquecimento, transitando do mocinho ao vilão, este é sem dúvida o remédio para as dores e para as difíceis perdas, pois ainda que possamos recordar tais acontecimentos, estas lembranças não fazem com que sintamos a dor real experimentada no passado. Todavia, o esquecimento apaga também o que de melhor Deus registrou em nossa história, enfraquecendo a fé e debilitando a esperança.

Então, por que Deus criaria os palácios da memória, com suas câmaras recônditas e misteriosas que vão muito além da nossa compreensão, se não para lembrarmos de seus feitos e mantermos viva a lembrança do Deus vivo às futuras gerações?! O salmista registra, na poesia hebraica, esta conclusão: “Eu me lembrarei das obras do SENHOR; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade. Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos.” Salmo 77:11e12


O ato de lembrar é uma recorrência bíblica, Deus insiste em que seu povo recorde de seus feitos, do seu poder, do seu braço forte, da sua bondade e sua misericórdia, assim como Ele mesmo disse a Moisés: “e assim serei lembrado de geração em geração” Êxodo 3:15b.

Portanto, para não nos esquecermos é preciso exercitar a memória evocando os feitos do Senhor, contando aos nossos filhos e netos, e ainda persistirmos na leitura da sua palavra, que registrou todos os seu feitos, e assim não somente nos lembraremos do que Deus fez em nossas próprias vidas, mas também nos recordaremos de seus feitos a todos os homens ao longo da história.

45 - O Autor da vida


Já imaginou uma Cinderela má, fútil, egoísta, desagradável, suja, rude e preguiçosa? Certamente esta não seria a personagem idealizada pelo autor, mas sim uma versão distorcida da mesma personalidade descrita pelo escritor francês Charles Parrault, quando em 1697 criou a sua versão para o antigo conto italiano da Gata Borralheira.

O mesmo ocorre quando nossas atitudes não correspondem aos desígnios de Deus, pois, como o inventor da personalidade, Ele planejou cuidadosamente aquilo que deveríamos ser. Assim como o autor de um romance idealiza seus personagens, Deus, o supremo autor da vida, delineou a nossa individualidade, conforme a revelação memorável registrada na poesia hebraica: “Tu, Senhor, criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe.” Salmo 139:13

44 - Inspirações para a Fé


          Como inspiração de Deus nas Escrituras Sagradas, o Livro de Salmos merece um destaque especial pela beleza e profundidade de seu conteúdo. O título é derivado do termo grego “PSALMOI” que significa “poemas cantados com instrumentos musicais”, no hebraico é chamado de “Sefer Tehillim” ou livro dos louvores.

A relevância da poesia hebraica não se restringe à perfeição harmônica de seu ritmo, nem tão pouco à sofisticação de seus paralelismos, mas, sobretudo, alcança seu apogeu no pragmatismo com que trata as situações do cotidiano, cobrindo a gama completa das emoções e experiências humanas em seu relacionamento com o Criador. Os antigos rabinos diziam que nos Salmos poderíamos encontrar a causa e a cura para todos os problemas.

Estes poemas musicais eram utilizados quando os Hebreus se reuniam para adorar a Deus, pois neles, o Criador revela sua pessoa, história e planos, bem como a grandeza e bondade com que trata a fragilidade e pequenez humana, quando diz suavemente: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus;” Salmo 46:10a

Nos momentos em que a alma se aflige, a maior batalha espiritual do cristão é contra a sua própria incredulidade, e o primeiro golpe do inimigo é contra a nossa fé em Cristo. Assim, nossa luta diária consiste em manter esta fé viva e crescente. E, neste aspecto, as Escrituras Sagradas, especialmente o livro de Salmos, revelam a grandiosidade do amor de Deus, proporcionando experiências verdadeiras que alimentam a fé. E assim poderemos orar como o salmista: “Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma; Guarda a minha alma e livra-me; não me deixes confundido, porquanto confio em ti; Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.” Salmo 94:19; 25:20; 51:10

43 - Estilo de vida

Como resultado conseqüente da estratificação social, o estilo de vida pode ser classificado, dentre outros, como: estilo de vida saudável, simples, arrojado, moderno, sofisticado e até alternativo quando externo às normas sociais vigentes. Se o foco da vida de uma pessoa está no trabalho, porque o seu senso de valor pessoal vem desta atividade, ela trabalhará muito aderindo ao estilo dos “obcecados pelo trabalho” conhecidos por “workaholic”. Há também os estilos “de prateleira”, para simples adesão daqueles que se encaixam logo de imediato, em todas as características de alguma das novas “tribos urbanas”.


Portanto, a maneira como uma pessoa experimenta a vida, suas escolhas diárias definidas por seus valores e as características de um comportamento diferenciado definem o seu “Estilo de Vida”.


O estilo de vida anunciado pelo sistema mundial está diretamente centrado no padrão de consumo, criando uma tensão que mantém girando o ciclo do “Ter”; “Manter” e “Acumular”. Este ciclo leva ao trabalho incessante que impede, em determinados casos, a utilização do próprio bem adquirido. Nos Evangelhos encontramos uma nova proposta, diametralmente oposta ao sistema. O Senhor Jesus, demonstra e vive um estilo de vida de valores eternos, orientados por Deus, e convida: Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mateus 11:29,30


Este maravilhoso convite assume um sentido tríplice e é estendido a todos os homens e mulheres com a alma aflita pela busca de identidade e um espaço neste mundo voraz e competitivo. O Mestre convida a buscá-lo e encontrar a salvação, a segui-lo e aprender a mansidão e humildade para viver em completa dependência de Deus, e viver com Ele sob o mesmo jugo, que significa sob a mesma disciplina de comunhão com o Criador que é incomparavelmente mais leve do que as exigências dos padrões do mundo até mesmo os da religiosidade humana, caracterizada pelos escribas e fariseus de sua época.


Independente do que defina seu estilo próprio, o que não pode faltar é a dependência de Deus que é a marca dos que encontraram verdadeiro descanso e direção para suas almas, conforme as profecias registradas a cerca de 2700 anos: “como o gado que desce calmamente para os vales. O Espírito do SENHOR os estava levando para um lugar de descanso.” Foi assim, ó SENHOR, que guiaste o teu povo e conseguiste para ti mesmo um nome famoso.” Isaías 63:14

42 - A Entrega Total

Volto ao tema da "preocupação" porque ela também insiste em voltar, como inimiga incansável e sem ética, que desfere golpes baixos contra a nossa alma, roubando novamente a paz. A inquietação que, em determinado momento, já foi entregue a Deus, costuma retornar sem ser convidada, de surpresa, as vezes aos poucos, outras em ataque repentino e quase letal.


Preocupar-se é ocupar-se antecipadamente com algo que está no futuro, mesmo sabendo que a situação não mudará porque seu objeto reside na casa do amanhã. Portanto, a preocupação é a tentativa de controlar o incontrolável. A única certeza que podemos ter sobre o futuro é que Deus estará lá, pois o Eterno já está lá e nos deixou a sua promessa: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos.” Mateus 28:20b


O Senhor Jesus, numa alusão ao cuidado que Deus dispensa às criaturas tidas por insignificantes segundo os padrões da época, enfatiza o valor especial de cada ser humano e a certeza da provisão do Pai celestial: “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.” Mateus 10:29-31


Desta forma a oração continua sendo o melhor antídoto contra a preocupação, porém não se trata aqui de relatar o ocorrido a Deus, mas de uma atitude de entrega. A oração é a entrega, “porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.” Mateus 6:8b. Portanto, entregar a sua causa de preocupação a Ele é a única coisa que só você pode fazer. E, ainda repetir a oração (entrega) tantas vezes quanto forem necessárias.


O apóstolo Pedro, escrevendo aos cristãos do primeiro século, aborda em sua carta o tema da vitória sobre o sofrimento destacando que a nossa situação e circunstância são importantes para Deus, baseado nisso lança o desafio da entrega total: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” 1 Pedro 5:7

41 - Avistando Além...

Se observarmos a história humana, toda pessoa nasce, cresce, adquire níveis diferenciados de conhecimentos, se reproduz, trabalha, acumula bens e morre. Viemos para este mundo sem nada e sem nada partiremos. A vida considerada do ponto de vista de seus ciclos repetitivos e aparentemente intermináveis que caracterizam a busca de todo ser humano em todas as épocas da história, permeada ainda de contradições inexplicáveis e temperada pelo amargo sabor da brevidade dos dias na terra, inspirou o escritor bíblico a exclamar: Vaidade de vaidades, diz o Pregador (“Qoheleth”); vaidade de vaidades, tudo é vaidade. Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” Eclesiastes 1:2 e 3


O livro de Eclesiastes, no original hebraico chamado de “Qoheleth” termo associado a quem convoca uma assembléia e fala a ela (um palestrante ou pregador), desenvolve em dialética (argumentação dialogada) a tese da futilidade da vida humana sem Deus. Para que tantos esforços, tanta correria e competição, tanta energia para acumular coisas em uma existência marcada pela transitoriedade?!


Por vezes somos convocados a pensar na avaliação da vida do ponto de vista do leito de morte, e de como ela seria vivida se houvesse outra chance, pois em sua maior parte entramos pelo caminho da vaidade, como concluiu o "pregador": “Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento” Eclesiastes 1:14


Há três mil anos, o pregador, “Qoheleth”, escreveu um discurso reflexivo de construção complexa, mas de mensagem simples onde a questão levantada, sobre a futilidade da vida, sugere em seu próprio texto a eloqüência da resposta, pois se a vida for vista somente pelo que existe debaixo do sol, realmente não há proveito. Todavia, o significado pleno da existência, das lutas, das alegrias, dos planos e projetos somente alcançará sentido se a vida for considerada e vista além do sol.


A vaidade da vida se manifesta quando a visão do seu significado se limita ao que existe abaixo do sol, e a solução sugerida consiste em ver que há uma providência divina se você procurá-la, agindo com a sabedoria do salmista, que apresenta este pedido a Deus, registrado na poesia hebraica: Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu caminho”. Salmo 119:37

40 - Em busca da felicidade

Engajado na busca pela felicidade, o ser humano persegue incessantemente a satisfação de todas as suas necessidades, a começar pelas fisiológicas, ligadas à sobrevivência, indo até as estritamente centradas no ego, conhecidas como as necessidades de auto-realização.

Assim segue em busca de segurança, bem estar, sucesso e tudo que prometa o fim desta busca maior: o “Ser Feliz”. Esta expressão pode, de forma simples, resumir a finalidade de todos os esforços humanos. Seria errado então buscar a Deus para ser feliz? É certo que não haverá uma resposta direta para esta pergunta, que não fique incompleta, porque o conceito humano de felicidade é altamente subjetivo, ou seja, há pessoas que ficam felizes com uma bicicleta nova para ir ao trabalho enquanto outras estão deprimidas pelo fato de não conseguir trocar o “carro zero” ou por não viajar para Europa uma vez por semestre.

Desta forma, o ser humano define o que é felicidade para si, por si mesmo ou influenciado pelos padrões da mídia, a partir daí começa a sua busca para alcançar estes objetivos pensando: “Se Deus quiser me dar, ótimo, se não, me viro por conta própria.” Muitos ainda pensam que podem barganhar com Deus, outros trilham o caminho da chantagem e do drama, magoando-se quando não recebem o que querem e quando querem.

A busca nunca terminará enquanto enxergarmos em Deus tão somente a possibilidade de alcançarmos aquilo que, em determinado momento, desejamos, achando que com isso ficaremos felizes. Todavia, o erro de tudo está no foco. O escritor Rick Warren nos lembra na primeira frase de seu livro (“Uma vida com propósitos”) que “A questão não é você”, e nem eu, nós fomos criados para viver para Deus, conforme registra o apóstolo Paulo, em sua carta: “Porque nele (Jesus) foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.” Colossenses 1:16

Nós fomos criados para co-existir com nosso Criador, por isso a felicidade plena só é experimentada junto com Jesus Cristo. Não há como Deus conceder felicidade sem Ele ou fora dEle. Por isso, só será errado procurar uma felicidade que seja idealizada independente de Deus. “Porque dEle (Jesus) e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.” Romanos 11:36



39 - Investimentos

O princípio do investimento estabelece que se alguém investe (emprega alguma coisa) ele a receberá multiplicada. As Escrituras Sagradas o abordam como a "lei da semeadura" devido as facilidades de compreensão que esta alegoria proporciona. O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos residentes na região da Galácia, adverte: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” Gálatas 6:7.


Há pessoas que querem colher onde não plantaram, ou desejam colher frutos doces onde semearam dureza e amargor. A lei da semeadura funciona tanto para as coisas boas e desejáveis, quanto para as más e indesejáveis, ou seja, quem semear o mal dele também se fartará, conforme a palavra de Deus dita pela boca do profeta: “Porque semeiam ventos e segarão tormentas;” Oséias 8:7a., repetida no ensinamento do sábio: “O que semeia a injustiça segará males;” Provérbios 22:8a. Há ainda aqueles que pretendem obter resultados sem abrir mão da semente.


Na conhecida “Parábola do Semeador”, narrativa bíblica encontrada no capítulo 13 do Evangelho segundo Mateus, encontramos, dentre outros, alguns preciosos requintes acerca do princípio do investimento:

O Desprendimento É preciso lançar a semente na terra! A semente sai necessariamente do domínio do investidor (semeador). Se não “perder o controle” do que foi lançado, provavelmente, não se está em um investimento. Não dá para segurar a semente na mão e investir ao mesmo tempo.

O Risco Muitos não semeiam por causa do risco. Risco não é “perigo aleatório”, mas a probabilidade das coisas não acontecerem conforme o esperado e planejado. Imagine se o semeador deixasse de semear pelo medo das perdas, não haveria colheita abundante. Veja que a perda inicial foi de 75% do total. Por outro lado, 25% das sementes que foram lançadas deram retorno, porém o rendimento destas foi imenso em relação ao número original empregado.

O Tempo – Ninguém vai, no dia seguinte, desenterrar a semente para ver se já tem resultados. O tempo é fator integrante do investimento.

A Quantidade – O porte do investimento está relacionado com o porte do resultado, embora o resultado venha multiplicado. “E isto afirmo: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia com fartura, com abundância também colherá.” 2Coríntios 9:6

A Coragem – Quem fica somente esperando as condições ideais para só então lançar a semente, nunca investirá. “Quem somente observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará.” Eclesiastes 11: 4


Há pessoas que reclamam que não têm amigos, que só acontecem coisas ruins em suas vidas, mas antes deveriam avaliar qual tipo de sementes estão plantando. A boa notícia é que ainda dá tempo para mudar, lançar boas sementes, confiar em Deus e aguardar os bons resultados.

38 - O Doce e o Amargo, das palavras!


-->
Por volta do ano 45 da era cristã, Tiago, bispo da Igreja de Jerusalém, escrevendo sobre os aspectos práticos da conduta daqueles que servem a Deus, destaca a importância do bom uso das palavras enfatizando a dificuldade que cada pessoa enfrenta no domínio da sua própria língua.

Mediante alegorias constrói um pensamento retórico para destacar os efeitos destruidores do uso inoportuno das palavras, dizendo: “que é necessário apenas um pequeno fósforo para destruir uma grande floresta” Tiago 3:5b. As palavras podem ferir por meio de agressões verbais diretas (xingamentos), ironias, sarcasmos, fofocas, falsidades, maldições, mentiras, desprezos etc.

Por outro lado, seu bom uso pode ser fonte de vida, produzindo resultados notáveis e duradouros, conforme registra a poesia hebraica:“A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.” Provérbios 18:21. As boas palavras encorajam, fortalecem, corrigem, incentivam e promovem o bem.

Em outra metáfora, Tiago, diz que quando proferimos, ao mesmo tempo e pela mesma boca: bênçãos e maldições, a benção não é real, pois a maldição a contamina. “Com ela (língua) bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.” Tiago 3:9. A mensagem é muito clara, pois assim como em um reservatório de água, a impureza é altamente contagiosa e contamina tudo com a qual entrar em contato.

No evangelho segundo Lucas, o Senhor Jesus nos fala da origem de nossas palavras: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.” Lucas 6:45


Não se engane, pois a língua refletirá sempre o que está na mente e no coração, pois o que dizemos revela quem realmente somos. Por isso, para colher bons frutos das suas palavras é necessário, antes, conservar o coração puro, segundo o ensinamento do sábio: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Provérbios 4:23

37 - Sob a direção de Deus

Você certamente já experimentou a sensação de viajar em um carro, no banco do passageiro e de repente desacreditar do motorista pelas manobras percebidas.


As reações são as mesmas: a mão esquerda agarra o assento do banco e a direita o suporte lateral da porta, o corpo enrijece e a tranquilidade evapora. Dentre as manifestações mais comuns a pessoa começa a olhar para os lados e para traz, acha que em determinados trechos o veículo está devagar demais, porém em outros, correndo muito, acha também que está fora da faixa, longe da guia, que faz paradas sem sentido, anda próximo demais do carro da frente etc. Então, a pessoa estica o pé, em movimento brusco, pisando num freio que não existe ou tenta agarrar o volante quando acha que está na direção errada.*


Assim também acontece conosco. Em todas as orações pedimos a Deus que esteja no controle, que dirija nossas vidas, porém em grande parte do percurso agimos como o passageiro descrito acima quando Ele não age como esperamos.


E, quando pensamos que podemos assumir o controle e passar a navegar sozinhos encontramos os recifes e os bancos de areia que não conseguíamos enxergar. Assim, se você deseja percorrer, em segurança, pelas agitadas águas do mar da vida deixe o leme nas mãos do Senhor Jesus, como ensina o salmista: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.” Salmo 37:5. Seguindo também o conselho do Sábio, registrado na poesia hebraica: “Confia ao SENHOR as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos.” Provérbios 16:3.



Deus é o piloto e nosso lugar é no assento ao lado, por isso entregue a sua vida e seus planos a Deus, confie e descanse em sua bondade, pois ele prometeu no livro de salmos: “Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir.” Salmo 32:8



* Esta ilustração foi recentemente relembrada e contada por meu grande amigo, Júlio Cesar, em em uma de suas excelentes aulas para a Escola Bíblica da Ibaji.

36 - Aprendedo a esperar

Conseguir esperar é um sinal característico de quem completou a transição da infantilidade para a vida adulta, porém saber esperar é uma arte talhada pelo Espírito de Deus no mais íntimo do nosso ser.
A capacidade de esperar sem se entregar aos sentimentos de revolta vem geralmente com a maturidade, mas a habilidade de permanecer em paz, equilíbrio e doçura enquanto se espera está presente na vida daqueles que depositam a sua confiança no Senhor Jesus.
Todavia, lidar com a expectativa frustrada de um desejo imediato que foi adiado ou contrariado não é simples, muitos conseguem aceitar os fatos, mas vivem tensos, preocupados aguardando o acontecimento tão esperado, já outros ficam “paralisados”, (nem respiram) até que seu desejo se cumpra, desprezando os demais acontecimentos da vida por reputá-los como secundários.
O Senhor Jesus, no sermão do monte, enfatiza a importância de confiar mais em Deus, pois entregar-se à ansiedade além de tudo é inútil: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? (ao curso da sua vida; ou à estatura)” Mateus 6:27.
A lógica aplicada ao ensino é evidente, pois sem perder de vista os objetivos do projeto de vida, a palavra de Deus nos recorda que o futuro tão sonhado e o desejo ardente que certamente se cumprirá permanecem na casa do amanhã, e a única coisa que existe realmente é o hoje, o agora, portanto é preciso viver bem enquanto espera. Mais adiante no mesmo capítulo, o Mestre concluiu seu pensamento: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” Mateus 6:34
Por outro lado, sabemos que não é simples quando as coisas não acontecem e os sentimentos de fracasso e de abandono nos rodeiam sugerindo que Deus não agirá, e que estamos por conta somente daquilo que podemos fazer.
Todavia, para aprender a esperar, mantendo a boa qualidade de vida, sem perder a alegria e a paz, adverte o apóstolo Paulo em sua carta aos cristãos da cidade de Filipos: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” Filipenses 4:6,7

35 - A singularidade da alma

     
         A identificação ou o reconhecimento de uma pessoa pode ser feito por intermédio de suas particularidades físicas, por sua assinatura e também pela leitura de características singulares encontradas no corpo humano.

       As impressões digitais (dermatoglifos) são os desenhos formados pelas elevações da pele nas pontas dos dedos, que de forma extraordinária não se repetem em nenhum outro indivíduo. A íris, a parte mais visível e colorida dos olhos, contem características únicas sobre aquela determinada pessoa. O DNA (ácido desoxirribonucléico) é a molécula que carrega as “impressões genéticas” de cada indivíduo servindo para identificá-lo e distingui-lo dos demais.

      Da mesma forma, Deus fez única cada alma humana, não há outra pessoa como você na face da terra, nunca houve e nunca haverá. Tudo em nós sugere a individualidade. O escritor irlandês C. S Lewis, comenta o assunto, com sua lógica peculiar: “Se Deus não tivesse uso para todas essas diferenças, não vejo porque deveria ter criado mais do que uma alma.”, porém, Deus criou incontáveis almas e diz: “Todas as almas são minhas” Ezequiel 18:4a. Portanto, Ele tem um propósito para sua existência que está intimamente ligado às particularidades da sua alma, tanto aqui neste mundo quanto na Eternidade.

       Da mesma forma, o sacrifício feito por Jesus na cruz do calvário em prol da humanidade contempla o resgate específico da sua alma, porque serão os seus olhos e não outros que verão a Cristo em sua volta triunfante conforme registro deixado no Apocalipse de João: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” Apocalipse 1:7. Assim, todos vivenciaremos esta experiência: “Naquele dia atentará o homem para seu Criador, e os seus olhos olharão para o Santo de Israel.” Isaías 17:7

      No entanto, para aqueles que receberam a Cristo como senhor e salvador, comenta ainda C. S. Lewis: “Mas Deus haverá de encarar cada alma como se fosse seu primeiro amor, porque foi Ele o primeiro amor dela. Seu lugar no céu parecerá feito para você e só para você, porque você foi feito para ele.” A nossa alma está criptografada com uma senha divina e somente o Criador tem a chave secreta para desvendá-la. Já disseram também que nossa alma tem o formato de uma fechadura que somente se encaixa e se completa na pessoa de Deus. Portanto, só nEle a alma encontrará a plenitude de seu significado.

      Arrematando, C. S. Lewis, brinda-nos comentando a profundidade do tema com sua simplicidade poética: “Sua alma tem o formato curioso, porque se trata de uma espécie de buraco em que se encaixam os contornos infinitos da substância divina”.

34 - Vencendo o Medo


-->

Longe de aparecer na lista dos sentimentos mais nobres, o medo, segundo estudiosos do comportamento é a sensação psíquica mais presente na vida humana. Contudo, admitir o medo publicamente sempre foi motivo de desonra especialmente para culturas mais tradicionais.

Todavia o medo pode ser legítimo quando condizente com o nível potencial de perigo, pois assim como a dor, funciona como um alarme do organismo humano ligado à preservação da existência.

O medo é a reação que leva o corpo ao estado de alerta diante de um perigo iminente, e em seu sentido básico é essencial à sobrevivência, pois quem não tem medo de nada pode chegar muito rápido à extinção.

No entanto o medo irracional ligado ao perigo irreal ou o medo exagerado diante do perigo real conduz o indivíduo a adotar comportamentos além do necessário chegando a paralisar o andamento normal de vida, transformando-se nas conhecidas “fobias” do mundo moderno.

Para combater o medo irracional ou exagerado comece por uma análise adequada da situação, e depois enfrente, pois coragem não é ausência de medo, mas o passo seguinte que se dá confiando em Deus, como o ensinamento resumido pelo sábio e registrado na poesia hebraica: “Torre forte é o nome do SENHOR, à qual o justo se acolhe e está seguro.” Provérbios 18:10

Quem experimenta confiar no Senhor, não se deixa dominar pelo medo independentemente da situação. Por volta do ano 66 da era cristã, solitário em sua masmorra em Roma, enfrentando o frio e sabendo que sua morte estava muito próxima, o apóstolo Paulo escreveu em sua segunda carta, ao jovem Timóteo, seu “filho na fé”, a seguinte recomendação: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.” 2 Timóteo 1:7

33 - Relacionamentos saudáveis

Os relacionamentos exercem um papel importante, sério e duradouro em nossas vidas proporcionando a satisfação das necessidades psicológicas de segurança e senso de valor pessoal. Somos seres essencialmente relacionais.

Neste aspecto, a família é o melhor ambiente para exercer este aprendizado sobre os relacionamentos saudáveis. Nos casais, cada um possui um anseio de relacionar-se profundamente com seu companheiro de vida, assim como os outros membros da família: pais, filhos e irmãos também carecem de ver estas necessidades, de segurança e senso de valor, supridas através dos relacionamentos.

Estudos revelam que, na vida, quem não experimenta a sensação de segurança e senso de valor não consegue confiar nas outras pessoas por desenvolverem barreiras excessivas de “auto-proteção” que dificultam, tremendamente, as iniciativas que constroem relacionamentos saudáveis.

A segurança nasce da percepção de sermos amados, aceitos e protegidos. Já o senso de valor vem da afeição, aprovação e admiração.

Quando os nossos relacionamentos estão centrados em decisões egoístas, os familiares se tornam as pessoas contra quem descarregamos nosso mau humor, a tensão do dia, a pressão do chefe, a frustração da vida, e consequentemente nossas casas transitam rapidamente do estado de porto seguro para um tribunal de inquisição, onde impera a dureza e impiedade.

Todavia, é fato que nenhum ser humano pode satisfazer completamente o outro, não pode dar-lhe segurança plena e nem senso de valor absoluto e definitivo. Somente Cristo é a fonte para suprir as nossas necessidades de segurança e senso de valor. Se o amor de Deus, demonstrado na Cruz do Calvário, não representar a sua segurança e senso de valor, nada mais o fará.

No entanto, fomos capacitados a suprir adequadamente uma parcela destas necessidades nas outras pessoas por meios dos relacionamentos saudáveis. Portanto, para fortalecer o senso de segurança e valor pessoal, é preciso sujeitar-se a Deus e abrir-se para os outros familiares, permitindo a edificação mútua. Lembrando sempre da advertência que o apóstolo Paulo deixou registrada em sua primeira carta a seu amigo Timóteo, pastor da Igreja de Éfeso, no ano 65 ad: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” 1 Timóteo 5:8